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São João de Caruaru: Como começou o maior São João do mundo?

A história do início do São João está diretamente ligada à história do surgimento de Caruaru, já que as festas juninas eram comemoradas na época em que Caruaru era apenas uma aldeia. Segundo o historiador Wamiré, as festas juninas eram festas rurais, comemoradas ainda na época da cidade e por isso não há registros que especifiquem a data ou o ano de início da festa.

“Nelson Barbalho em seu livro ‘Caruaru de vila à cidade’, cita os festejos juninos de 1854 e 1856 (ainda na época da Vila) como “muito animados”. Há registros, de que em 1920, o governador do Estado transferiu sua residência para Caruaru no período junino, de onde realizou os despachos oficiais. Nessa mesma década, e, na seguinte, encontramos descrição de programações juninas em clubes sociais como na sede do Central Sport Club e do Casino Caruaruense, com bailes, recitais de poesia e nenhuma referência a ritmos ligados ao forró”, explicou o historiador.




Walmiré afirma ainda que, até a década de 1950, as maiores festividades aconteciam em fazendas e em regiões do entorno da cidade, mas já tinham características muito semelhantes às tradicionais festas juninas com quadrilhas, fogueiras, música e comida. Depois, na década de 1960, as ruas da cidade passaram a ser decoradas por moradores que também investiram nas tradicionais festas juninas.

“Os próprios moradores interditavam uma rua, coisa que era muito comum, menos burocrática, e mais espontânea. Essas ruas faziam pequenos arraiais, os homens construíam as palhoças, as mulheres se reuniam numa determinada casa, ou cada uma fazia parte da comida, e as crianças ajudavam na decoração dessa palhoça. Alguns colocavam um som mecânico, uma radiola, e quem tinha mais condições contratava um trio de forró ou uma banda de pífanos”, relatou Walmiré.




A partir daí, começaram a acontecer concursos de ruas mais decoradas e concursos de praças patrocinados por empresas e rádios locais, com as caravanas de famosos artistas. A ação estimulou o crescimento da São João de Rua e algumas ruas começaram a ficar muito famosas pelas festas, como a Av. Rio de Janeiro, 3 de Maio, Capitão Zezé, 27 de Janeiro e São Roque.

O crescimento

O que antes era um evento espontâneo e tradicional, começa a chamar a atenção da prefeitura, que vê na festa um potencial turístico e de crescimento. Então, a partir da década de 1980, a cidade começou a fazer as primeiras experiências para centralizar a festa. Principalmente porque percebi que o pessoal do campo voltou para a cidade para comemorar o período.




“Primeiro, montou-se o ‘Circo do Forró’, ao lado da Casa de Cultura José Condé, no Parque 18 de Maio. Ele foi remontado depois no Espaço Cultural Tancredo Neves (que estava em construção). Em seguida, o São João passa a ser organizado na Estação Ferroviária e na Avenida Rui Barbosa, até a inauguração do Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, em 1995”, explicou Walmiré.

São João como é hoje

Desde a centralização de São João de Caruaru, a gestão da cidade tem enfrentado várias críticas em relação aos atrativos. Como a cultura do São João é muito forte nas cidades, muitos moradores relatam que a festa perdeu a essência por trazer programas nacionais e não regionais. O professor Daniel explica que a festa é assim porque não é mais um acontecimento espontâneo, mas um produto turístico.




“São festas destinadas a um público turístico, um público pop, a uma cultura consumista, capitalista. É um São João que alega defender as tradições, mas que toma decisões não defendendo as tradições. Isso não é uma particularidade de Caruaru, é uma particularidade de todas as festas”, disse.

Desde 2017, a cidade vem desenvolvendo formas de descentralizar o São João e levar a festa a todos os bairros da cidade. Em 2019, eram seis centros culturais, além do São João na Roça, que levava programas às comunidades rurais de Juá, Malhada de Barreira Queimada, Malhada de Pedra, Peladas, Cachoeira Seca, Xicuru e Terra Vermelha. Além do polo principal do Pátio de Eventos, São João contava com o Polo Alternativo, o Polo Infantil, o Polo Juarez Santiago na Estação Ferroviária e a Casa do Forró.




Grandes atrações tradicionais como Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Dorgival Dantas, Dominguinhos e outros já passaram pelos palcos de Caruaru. Além de nomes nacionais como Wesley Safadão, Alok, Marília Mendonça, Xand Aviões, Simone e Simaria e outros.

Tradicional ou não, toda a gente sente falta do maior e melhor São João do mundo, o que, pelo segundo ano consecutivo, não vai acontecer, devido ao Covid-19. Esperamos que em breve possamos estar todos juntos comemorando e fazendo o que o caruaruense sabe de melhor: dançar forró.

Via NE10




Ceça Ricarte

Ceça Ricarte - Jornalista de formação, com mais de 15 anos de experiência, nas mais diversas áreas que o Jornalismo se propõe. Natural de Recife, mas que escolheu Caruaru para amar e viver! Entre idas e vindas, está fixa na Capital do Forró há 12 anos.

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