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O que é que vocês estão procurando?

O que é que vocês estão procurando?
Constata-se, a partir do evangelista João, uma peculiaridade interessante; a primeira fala saída da boca de Jesus pelo evangelho joanino é esta: “O que vocês estão procurando?” (Jo 1, 38).
O contexto da narrativa se antecede com a figura de João Batista e com dois de seus discípulos. Ao ver Jesus, João aponta para o Cristo e declara ser Aquele o Cordeiro de Deus. Nisso, os dois discípulos de João se aproximam do messias e há então o primeiro diálogo com o mestre Jesus através dessa pergunta.
Tal pergunta ainda em nossos tempos ressoa aos ouvidos, pois em nossa vida espiritual cristã o próprio Jesus hoje também nos pergunta o que ou quem estamos verdadeiramente procurando. A pergunta também parte de uma raiz existencial profunda, de qual sentido estamos dando a nossa vida, se nos consideramos seres encontrados ou desencontrados no mundo, se já encontramos aquilo que procurávamos de todo coração e que nos completa.
Se fosse do interesse narrativo/pastoral do evangelista João explorar mais intensamente essa passagem bíblica, muito possivelmente descobriríamos o quanto aqueles discípulos estavam inquietos, confusos. Com certeza estar diante de uma figura ainda tão enigmática como Jesus, que era conhecido verdadeiramente até ali apenas por poucos como João Batista, figurava uma grande curiosidade. Mas Jesus, sabedoria eterna do Pai, já conhecia o íntimo daqueles homens e por isso pergunta, questiona.
Uma coisa não podemos deixar de perceber: a pergunta de Jesus é incitadora. Tal pergunta iria fazer com que aqueles homens viajassem até o âmago de si mesmos antes de dar uma resposta satisfatória a Jesus. E assim Cristo Jesus realiza também com todo aquele e aquela que se diz Cristão, Ele nos questiona.
A narrativa de João segue com uma resposta nada convincente à pergunta de Jesus por parte daqueles dois discípulos: “Mestre, onde moras?” Obviamente Jesus não esperava uma resposta por meio de uma nova pergunta. Mas, por outro lado, aqueles homens ainda não tinham muito a contar, estavam maravilhados, era ao Senhor que procuravam e ali Ele estava junto deles. O que temos nesta cena é um encontro de amor. Não de um amor humano mal fundado, que muitas vezes antes de nos orientar, deixa-nos alienados e totalmente dependentes do outro. Mas, sim, de um amor que há muito aqueles homens procuravam e ouviam falar.
A pergunta do mestre Jesus é inclusive uma bússola espiritual para nós. Quando no meio do caminho de santificação nos perdemos, nos desviamos da estrada certa, devemos nos perguntar em forma de oração o que estamos a procurar. A resposta naquele instante poderá não ser clara, e até mesmo não vir no exato momento que gostaríamos, contudo, confrontará muitos sentimentos do nosso ser abrindo janelas e horizontes.
Para finalizar, acredito que um pensamento de Jesus em outra passagem bíblica completa o sentido dessa pergunta poderosa. Encontramos em Mateus 7, 7-8: “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta.”
Começa agora nossa missão…

Frei Walter Benício da Silva, OFMCap.                                                   
(Religioso da instituição Católica dos Frades Menores Capuchinhos e formando em Filosofia)





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