Banco Central eleva Selic em 1 ponto, para 5,25%, a maior taxa de juros desde 2019
Decisão seguiu o que esperava a maior parte dos analistas, que já enxergava na pressão inflacionária um motivo para o BC elevar seu ritmo de alta de juros
SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (4) elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano, em sua maior alta de juros desde 2003. Essa foi a quarta vez seguida que o comitê subiu a Selic, que chega ao seu maior nível desde outubro de 2019.A decisão seguiu o que esperava a maior parte dos analistas consultados pela Bloomberg, que já enxergava na constante pressão inflacionária um motivo para o Banco Central elevar seu ritmo de alta de juros.
A escalada dos preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica fez com que os economistas do mercado financeiro já projetem inflação de 6,79% para 2021, conforme o Relatório de Mercado Focus desta semana. Esse valor está bem acima do teto da meta de inflação, o que tem pressionado o BC a elevar os juros.
Desde o segundo semestre de 2020, os preços de commodities internacionais, como soja e milho, tem aumentado, o que impacta o custo de alimentos também no Brasil. Além disso, combustíveis e gás de cozinha têm pressionado o orçamento das famílias, assim como o custo da energia elétrica. Mais recentemente, a geada em algumas regiões do País prejudicou a produção de alimentos, com impactos nos preços ao consumidor final.
Neste cenário, restou ao BC iniciar em março deste ano o processo de alta da Selic, para que a inflação não dispare em 2022. O ano de 2021 já é considerado perdido para o cumprimento da meta.
Em seu comunicado dessa decisão, o Copom ressaltou que elevar a Selic em 1 p.p. reflete “seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023”.
“Esse ajuste também reflete a percepção do Comitê de que a piora recente em componentes inerciais dos índices de preços, em meio à reabertura do setor de serviços, poderia provocar uma deterioração adicional das expectativas de inflação”, diz o texto do BC.
“O Copom considera que, neste momento, a estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política monetária é a mais apropriada para garantir a ancoragem das expectativas de inflação. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, completa.
A expectativa dos analistas é que a autoridade monetária seja obrigada a manter uma alta forte da taxa de juros até o fim do ano, quando, segundo a mediana das projeções compiladas pelo Broadcast, a Selic deve chegar a 7%, acima do patamar considerado neutro (em que os juros não estimulam e nem contraem a economia).
Nesse sentido, o próprio BC sinalizou em seu comunicado que esse deve ser o cenário: “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”, diz o texto.