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Mais de 24 milhões de brasileiras têm negócios próprios

Conheça a história de três empreendedoras que estão felizes com suas escolhas e, ainda jovens, sentem-se realizadas profissionalmente

 

No dia 19 de novembro, é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino. Hoje, o Brasil é o sétimo país com maior número de mulheres empreendedoras. Segundo pesquisa publicada pelo Sebrae, em 2019, com dados levantados pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada com 49 nações, existem mais de 24 milhões de brasileiras que tocam negócios próprios, movendo a economia e gerando empregos. A mesma pesquisa organizada pela GEM, feita com base em dados de 2018, revelou que as mulheres empreendedoras estudam 16% a mais do que os homens: enquanto eles dedicam, em média, 8,5 anos à formação, elas investem 9,9 anos de suas vidas. E mesmo assim, elas ganham menos: o rendimento médio mensal das empresárias é 22% menor.

Quando o assunto é franchising, as mulheres têm bastante representatividade: 49% de todas as unidades franqueadas pertencem a elas, conforme dados da ABF – Associação Brasileira de Franchising. Ainda segundo a entidade, as franquias geridas por mulheres têm melhor desempenho em relação ao faturamento, se comparada àquelas que os homens operam.

A advogada especializada em franchising Melitha Novoa Prado (foto), que acompanha o sistema de franquias há mais de 30 anos e é, também, uma empreendedora, acredita que as mulheres tenham um excelente desempenho à frente das franquias pela habilidade de gerir equipes. “O franchising é, acima de tudo, um sistema de gestão de pessoas. Não existe franquia sem que se pense em pessoas, porque é necessário se relacionar com clientes, colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços, equipe da franqueadora, o franqueador, o franqueado. São muitas personas e personalidades envolvidas. A mulher, na maioria das vezes, consegue ter uma boa comunicação e essa habilidade ajuda na gestão do negócio”, avalia a advogada, que tem formação também como Conselheira Empresarial pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

E, para mostrar que as franquias são, realmente, negócios que combinam com o empreendedorismo feminino, conheça a história de mulheres que se dão muito bem na gestão de seus negócios franqueados:

 

The B-Burgers: de enfermeira a dona de hamburgueria gourmet

Passada a fase mais crítica do isolamento social por conta da pandemia do coronavírus, Juliete dos Santos Vicente, de 29 anos, estava disposta a empreender. A ideia era investir em uma franquia, para que ela pudesse contar com o suporte e com a padronização oferecida por este tipo de negócio. Um dia, ouviu o influenciador e humorista Carlinhos Maia falando em um podcast sobre a The B-Burgers – rede de hamburguerias gourmet, com 400 lojas, da qual ele é sócio – e foi atrás para saber como se tornar uma franqueada.

Decidida de que era aquilo que queria, ela se cadastrou no site da marca e não demorou para receber um retorno e fechar o negócio, o que aconteceu cerca de um ano atrás. Hoje, ela comanda a unidade franqueada de Mauá e deverá inaugurar outras duas lojas. Uma delas já está em obras, no São Bernardo Plaza Shopping, e a outra já está comprada, mas ainda não teve o ponto definido.

“As lojas são minhas e do meu marido, mas sou eu que estou à frente de tudo. Quando decidi fechar negócio, primeiro eu fiz e depois contei para ele. A primeira loja fará um ano em janeiro, então agora já tenho experiência, tenho um gerente e consigo ficar mais na parte administrativa. Mas eu sei fazer de tudo dentro do restaurante”, afirma Juliete.

O marido, Thiago Vicente, de 36 anos, entrou como sócio nas lojas, mas tem outras atividades fora dali. Por isso, é Juliete quem fica responsável por tudo o que diz respeito sobre as franquias deles. Ela conta que, caso precise, consegue ficar na chapa, fritar batatas, montar os lanches e ficar no caixa.

“Eu posso dizer que as mulheres são muito fortes e capazes, a gente pode tudo. Às vezes pensamos que não, mas sempre acabamos dando conta. Foi assim quando pensava no meu futuro com a The B-Burger e eu dei conta, porque hoje sei administrar e em entendo toda a operação. O mesmo aconteceu com a maternidade, no primeiro filho a gente fica com medo e depois vê que consegue fazer de tudo”, ressalta.

Além de empresária, Juliete é mãe de dois filhos, Maria Livia, de 5 anos, e Joaquim, de 2. E, antes de se tornar franqueada, ela trabalhou por anos como enfermeira. Quando a primeira filha nasceu, decidiu que ficaria um tempo em casa, para ter mais tempo ao lado da pequena. Depois disso, investiu em um estúdio de fotografia, do qual era proprietária e também fazia as fotos. Mas, com a pandemia, precisou fechar as portas. Foi quando decidiu que se tornaria uma franqueada.

“Por mais que eu tenha o apoio e o suporte do meu marido, eu sei que consigo dar conta de tudo. E acredito que as mulheres precisem ser mais valorizadas, porque – por mais que a gente esteja conseguindo aos poucos – ainda existe preconceito, essa coisa de pensarem que mulher é frágil. Nós somos tudo, menos frágil. Ser empreendedora também nos dá a oportunidade de termos nossa liberdade, nossa independência financeira e isso é muito bom”, finaliza.

 

Dr. Shape: empreendedorismo aliado ao academicismo

Graduada em Nutrição com especialização em Nutrição Esportiva e mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Cintia dos Santos Moser, de 35 anos, pode ir além dos consultórios médicos e colocar todo seu conhecimento em prática quando se tornou uma franqueada da Dr. Shape – maior franqueadora de suplementos alimentares e artigos da América Latinam, que possui 70 lojas em todo o Brasil e faz parte do segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar. Cíntia é franqueada da unidade de Itaqui (RS).

“A Dr. Shape englobou desde a parte de saúde clínica até a indústria de alimentos. Tudo o que era do meu campo intelectual eu consegui colocar na prática e inovar. Passei anos na vida acadêmica, estudando muito e eu quero colher os frutos disso. A Dr. Shape veio ao encontro dos meus valores e com o que eu estudava, visando sempre levar a qualidade de vida para as pessoas”, explica.

E, mais do que apenas um trabalho, a Dr. Shape se tornou também uma escola para Cíntia ou “uma terceira faculdade”, como ela costuma brincar. Isso porque ela tem a marca como um guia e diz que sempre busca aprender com os treinamentos e até mesmo com os erros que possa cometer. E, com o apoio da franqueadora, tem conseguido diminuir o número de erros.

“Hoje, eu percebo que minha mudança pessoal foi muito grande desde que me tornei uma franqueada. Nesse ano, desde que inaugurei a loja, eu aprendi a ser empresária, varejista, porque tive que expandir meus horizontes e não ser mais apenas nutricionista. Eu era de um meio muito acadêmico e não teria condições de abrir um estabelecimento sem todo o auxílio da franqueadora”, afirma.

Como tem tido sucesso na primeira unidade, Cintia já pensa em abrir uma segunda, assim estabilizar a loja de Itaqui. “Empreender complementou o academicismo pelo qual eu tanto lutei. Estou muito feliz”, finaliza.

Le Briju: Sucesso da primeira multifranqueada da rede

Aos 35 anos de idade, Karina Gonçalo Pereira foi a primeira franqueada da rede Le Briju, de acessórios de moda. Ela inaugurou sua primeira loja no final de 2021, no Park Shopping São Caetano do Sul. E a parceria funcionou tão bem que no dia 1º de julho deste ano, ela passou a comandar também a unidade do Shopping Anália Franco, no Tatuapé, em São Paulo (SP).

A Le Briju foi o primeiro empreendimento de Karina. Ela sempre atuou como CLT, em diferentes empresas. No último emprego, do qual saiu em agosto de 2019, ela já estava decidida que queria ser demitida para que pudesse ter um negócio próprio. Mas, em 2020 chegou a pandemia e ela optou por ficar um tempo em casa, cuidando da filha. Quando decidiu que teria uma franquia, a Le Briju logo lhe chamou a atenção. “Eu tirei esse período sabático, fiquei em casa cuidando de tudo. Mas, ter uma franquia fez eu voltar para a minha antiga realidade, que era trabalhando, e me fez lembrar o quando eu gosto de disso e o quanto me faz bem. Isso melhorou muito a minha vida pessoal, porque eu não estava bem em casa. A partir do momento que me tornei uma franqueada, deixei de ser a Karina esposa e mãe e voltei a ser a Karina completa, pessoa, profissional, me dedicando para algo que é meu. E é isso que eu quero continuar fazendo”, ressalta.

E, por mais que já ocupasse cargos de liderança, Karina viu também as mudanças no âmbito profissional. Ela conta que teve de amadurecer profissionalmente para que pudesse tomar decisões em seu negócio, além de aprender muitas coisas na prática, no dia a dia da operação.

Agora, com a primeira franquia já estabilizada, ela conta que tem trabalhado muito para alcançar o mesmo patamar na segunda loja. A franqueada afirma ainda que já viu mudanças também na sua vida financeira.

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