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Lula bate em Moro, se diz ‘feliz com a verdade’ e critica Bolsonaro: ‘tomem vacina e não sigam decisão imbecil do presidente’

Em sua primeira manifestação após ter suas condenações anuladas e voltar a ficar elegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou a gestão da pandemia pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a que chamou de “desgoverno”, comemorou a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo, e disse que a “verdade prevaleceu”.

Lula subiu o tom contra Bolsonaro em diferentes momentos, tentou explicar ao presidente como se governa e se disse agradecido ao ministro Edson Fachin (STF) por ele “ter cumprido o que a gente reivindicava desde 2016”.

“Fiquei feliz com a verdade”, que poderá duelar com Bolsonaro nas eleições de 2022 — o petista deixou de ser ficha-suja com a decisão de Fachin na última segunda-feira.




“Este país não tem governo, este país não cuida da economia, não cuida do emprego, não cuida do salário, não cuida da saúde, não cuida do meio ambiente, não cuida da educação, não cuida do jovem, não cuida da meninada da periferia.”

Lula chamou Bolsonaro de “fanfarrão” e disse a ele “qual é o papel de um presidente da República”, citando a necessidade de avanços econômicos e sociais, em meio à crise da pandemia e desconfiança do mercado sobre sua candidatura em 2022.

O discurso foi recheado de contrapontos a Bolsonaro. O petista fez questão de acenar a líderes mundiais que o apoiam, em oposição ao isolamento de Bolsonaro. Citou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e os argentinos papa Francisco e presidente Alberto Fernandéz. O ex-presidente também elogiou jornalistas e afirmou que a liberdade de imprensa é um pilar da democracia.


Em longa fala, Lula disse que a Lava Jato “desapareceu” de sua vida e que suas amarguras estão superadas, afirmou estar tranquilo, mas que ainda quer a punição do ex-juiz Sergio Moro, responsável por sua condenação no caso do tríplex de Guarujá que o deixou preso por 580 dias em Curitiba.

O petista disse que não há espaço para guardar ódio, mas voltou a chamar de “quadrilha” os procuradores da Lava Jato de Curitiba. “Moro sabia que a única forma de me pegar era pela Lava Jato. Eles tinham como obsessão, queriam criar um partido político. Mas a verdade prevaleceu”.

O ex-presidente fez críticas à Operação Lava Jato e afirmou que foi vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história do Brasil.


“Se tem um cidadão que tem razão de estar magoado com as chibatadas, sou eu. Não estou. Pensam que, depois de dar chibatada, é só jogar um pouco de sal e pimenta que a pessoa vai se curar ao longo do tempo, não importa as cicatrizes que ficam. Eu sei de que eu fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”, afirmou.

“Este país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo. Este país não cuida da economia, do emprego, do salário, da saúde, do meio ambiente, da educação, dos jovens, da meninada da periferia. Ou seja, do que que eles cuidam?”, disse.

No discurso, o ex-presidente manteve duras críticas aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba e, principalmente, ao ex-juiz Sergio Moro. Durante o discurso, o ex-presidente destacou que vai continuar lutando pela suspeição de Moro.




“Nunca teve envolvimento meu com a Petrobras, e todo o sofrimento que eu passei acabou. Estou muito tranquilo. O processo vai continuar. Já fui absolvido em todos os processos fora da Curitiba. Mas nós vamos continuar brigando para o Moro ser considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar”, disse Lula.

Na fala desta quarta-feira, Lula afirmou que sua ex-mulher, Marisa Letícia, morreu diante da pressão que a família sofreu diante das acusações e investigações.




Lula também criticou a atuação da imprensa em geral, como na divulgação de delações premiadas da Lava Jato e também na cobertura jornalística sobre a revelação do conteúdo das mensagens dos procuradores da força-tarefa, material obtido em 2019 pelo site “Intercept Brasil” e divulgado por diferentes veículos de imprensa.

Ainda sobre o governo federal, Lula chamou de “falta de prioridade” a atuação do governo para compra de vacinas e se solidarizou com as vítimas da pandemia de covid-19 no Brasil.

“A dor que eu sinto não é nada”, disse Lula, ao apontar as vítimas da pandemia e em uma crítica velada à gestão de Bolsonaro.

O ex-presidente citou as pessoas que passam fome diante da crise econômica, lembrou das vítimas e de seus parentes e enalteceu ainda o que chamou de heróis e heroínas do SUS, sucateado, segundo ele, pela atual gestão federal.




O ex-presidente, aos 75 anos de idade, disse que pretende se vacinar na próxima semana, com qualquer vacina que tenha à disposição. “Não me importa de que país, não me importa se é duas ou uma e quero fazer propaganda pro povo brasileiro. Não siga nenhuma decisão imbecil do Presidente da República ou do Ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do Covid. Mas, mesmo tomando vacina, não ache que pode tomar vacina e já tirar camisa, ir pro boteco pedir uma cerveja gelada e ficar conversando. Precisa continuar fazendo o isolamento e continuar usando máscara e álcool-gel. Pelo amor de Deus”, afirmou.

O petista fez, inclusive, um aceno às Forças Armadas e as forças de segurança, afirmando que não é a população que deveria ser armada, como defende Bolsonaro, mas os policiais.

“Quem está precisando de armas é a nossa polícia, que sai para a rua para combater a violência com um revólver (calibre) 38 velho, todo enferrujado. Não são os fazendeiros que precisam de armas para matar sem-terra ou pequenos proprietários. Não são milicianos que precisam de armas para fazer terrorismo na periferia desse país, para matar meninos e meninas, sobretudo meninos e meninas negras”, afirmou.

 

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