CuriosidadesNordesteNotíciasPernambuco

Ilhados há mais de um mês, moradores se arriscam em madeiras puxadas por cordas em comunidade de Jaboatão

Moradores do Engenho Santana, na Zona Rural de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, estão há mais de um mês sem o principal acesso. A ponte que foi arrastada pelo Rio Jaboatão com as chuvas do dia 28 de maio ainda está destruída. Por isso, eles terminam se arriscando em madeiras puxadas por cordas enquanto aguardam providências do poder público.

Desde o fim de maio, Pernambuco sofre com as chuvas fortes. Desde então, 42 cidades já foram afetadas e 38 estão em situação de emergência. Mais de dez mil pessoas precisaram sair de casa e 132 morreram.

A ponte levada pelas chuvas era o principal caminho usado por moradores da comunidade para se deslocar até o comércio, consultas médicas e até mesmo para a escola.



Marley Batista Gonçalves, de 10 anos, faz o quinto ano do Ensino Fundamental. Apesar de estar no período das férias, ele faz o trajeto cruzando o rio em uma balsa improvisada para frequentar aulas de reforço.

“Era melhor quando tinha ponte, era mais rápido. Tá sendo complicado passar aí. Tenho medo da balsa virar com a gente”, disse.

O menino é neto de uma das 120 pessoas que vivem no assentamento do Engenho Santana, o zelador Israel da Silva, que reclamou das condições em que a comunidade se encontram após perderam a ponte.

“Tem tempo que meu neto não vai poder passar por aqui. Eu mesmo já caí aqui da balsa. Eu sou adulto e sei nadar, mas e se não soubesse? Tem várias crianças”, comentou o zelador.



Para cruzar de um ponto a outro, o jeito é passar por uma longa estrada de brita feita pela Prefeitura de Jaboatão. Segundo moradores, a caminhada até a estrada principal leva mais de duas horas, mais quarenta minutos de transporte até o comércio.

O caminho está mais longo e é por uma estrada de pedras feita pela prefeitura, mas também tem lama.

“A gente passa duas horas pra sair daqui. Não tem condições. A gente vai a pé, porque não tem carro aqui para a gente. Não tem nada aqui para a gente”, afirmou Israel da Silva.

Joseane Josefa do Nascimento cuida do sobrinho pequeno e fica preocupada com o aprendizado das crianças na comunidade que ficou isolada.

“Já faz mais de um mês que os meninos não estão indo para a escola. Quando em penso em levar as crianças o rio está cheio”, disse.



Por nota, a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes disse que não vai fazer uma ponte provisória nem oferecer embarcação para a comunidade.

Segundo a prefeitura, isso colocaria as pessoas em risco diante da instabilidade do rio. Informou, ainda, que estuda a construção de uma nova ponte para o segundo semestre do ano que vem.



Deixe uma resposta