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Setor fiscal brasileiro e inflação americana preocupam

Em julho o cenário inflacionário doméstico continuou desafiador. O patamar elevado da inflação de serviços indica maior persistência de pressões, influenciando negativamente o horizonte relevante para a política monetária.

Se há poucos meses a preocupação era de uma inflação descontrolada, agora o investidor se depara no curto prazo com um ambiente de deflação. O economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz acredita que “esse é um cenário passageiro e por conta de conjuntura interna e externa, deverá haver uma inflação ainda persistente”. Com isso, a taxa Selic mantém a expectativa de 2 dígitos por mais tempo.

Nos EUA, dados de emprego mostraram um mercado de trabalho sobreaquecido em relação às contratações e com salários em níveis muito elevados. Além disso, a inflação ao consumidor registrou seu nível mais alto das últimas 4 décadas. No entanto, o FED decidiu por não aumentar o ritmo de alta, e novamente elevou em 75 pontos-base.

As bolsas globais tiveram bom desempenho impactadas pelo movimento dos juros americanos, e nos últimos dias, pelos fortes resultados de grandes corporações americanas. O S&P subiu 9,1%, melhor desempenho desde 2020. Os ativos de risco apresentaram um abrandamento ao longo do mês, liderada pelos bons resultados das empresas norte-americanas e pela leitura mais positiva do mercado em relação à decisão do FED.

Todavia, na Europa, o mês foi marcado por incertezas políticas. Boris Johnson, Primeiro-Ministro do Reino Unido, renunciou ao cargo depois de boa parte do seu gabinete pedir demissão. Já Mario Draghi, Primeiro-Ministro italiano, optou por entregar o cargo, uma vez que não tinha mais a maioria política necessária para tocar sua agenda.

O mundo continua apertando a política monetária, movimento que deve perdurar. Nos EUA, ainda que o ritmo de aperto possa se reduzir, acredita-se que o FED está longe da taxa terminal. Na China, o mercado de imóveis residenciais é fonte de renovada preocupação dado o desempenho fraco das vendas por período prolongado. Na Europa, o ciclo mal começou e provavelmente haverá uma sequência de aumentos nos próximos trimestres. Completa Felipe Bernardi Diniz, “o ambiente global é de contração de política monetária e o doméstico segue permeado por incertezas eleitorais e fiscais”.