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No Brasil, aumentou em 72% o número de pessoas obesas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é um dos problemas de saúde mais graves hoje em dia. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso e 700 milhões de pessoas com obesidade. No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. Especialistas tiram dúvidas sobre a patologia e orientam sobre a importância e o processo de emagrecimento saudável.

Doença genética

A obesidade é uma condição multifatorial, não é como outras condições genéticas em que há um gene, uma doença. Existem diversos genes que atuam de forma conjunta aos fatores ambientais, estilo de vida da pessoa para que essa tenha a obesidade, explica o geneticista Dr. Caio Bruzaca.

Doenças metabólicas

Algumas doenças metabólicas relacionadas à obesidade são o diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, também aumenta os níveis de triglicérides no sangue, provoca a redução do Colesterol HDL, o bom colesterol, relacionado à proteção contra doenças cardiovasculares, elucida o endocrinologista Dr. Ikaro Breder.

Complicações cardiovasculares

As evidências comprovam que com o aumento da obesidade, houve um aumento das complicações cardiovasculares como infarto, AVC, diabetes, hipertensão arterial, arritmia e insuficiência cardíaca. A obesidade gera uma inflamação sistêmica, ela acaba antecipando a genética para doença e até mesmo desenvolvendo essas doenças graves, destaca a cardiologista Dra. Alessandra Gazola.

Desordens respiratórias

Existem propriamente algumas doenças respiratórias da obesidade e outras que podem ser agravadas. A síndrome de hipoventilação da obesidade é uma condição de piora acentuada da respiração que é própria da obesidade, não requer outro problema pulmonar pré-existente para que ocorra. Outras doenças pulmonares também podem ser agravadas pela obesidade, a asma é o principal exemplo. A respiração noturna também pode ser afetada devido a apneia, a obesidade é um dos principais fatores de risco, explica o pneumologista Dr. João Carlos de Jesus.

Obesidade infantil

Apesar de, até poucos anos atrás, ter sido considerada uma doença que acontecia somente em adultos, a obesidade tem sido cada vez mais frequente em crianças e adolescentes. Os prejuízos à saúde englobam, além de diabetes e pressão alta, uma qualidade de vida ruim, com o paciente obeso tendo uma tendência a baixa autoestima e a depressão, pontua a pediatra Dra. Roberta Esteves.

Infertilidade

As mulheres que possuem gordura corporal em excesso produzem mais estrógeno, seu aumento pode dificultar a concepção devido a alteração do endométrio. Outros problemas relacionados com a obesidade, como a diabetes e Síndrome dos Ovários Policísticos, também dificultam as mulheres de engravidar. Nos homens, o nível de testosterona é reduzido e aumenta o de estradiol, o que coloca em risco a produção de esperma, pois o sobrepeso tem mais índice de fragmentação do DNA no espermatozoide, gerando uma falha na fertilização, esclarece o Dr. Alessandro Schuffner, especialista em reprodução humana.

Doenças ortopédicas

Um dos sistemas mais afetados pela obesidade é o locomotor, que sofre com a sobrecarga do excesso de peso associado ao processo inflamatório que o tecido adiposo ocasiona no corpo todo. A fraqueza muscular faz com que as articulações tenham uma instabilidade, aumentando o desgaste e se tornando pré-disposição para alguns tipos de doenças como as hérnias discais da coluna vertebral, conta o ortopedista Dr. Stefano Monteiro.

Complicações visuais

Junto com a obesidade surgem doenças como hipercolesterolemia, hipertensão arterial, diabetes e apneia do sono. O colesterol alto e a hipertensão arterial podem causar obstrução de vasos da retina (oclusão de veia e artéria) gerando baixa visual. O diabetes descompensado pode causar a retinopatia diabética, complicando com hemorragia, descolamento de retina e até mesmo a cegueira. Alguns estudos mostram que a apneia do sono pode ser um fator de risco para o glaucoma, exemplifica o oftalmologista Dr. Daniel Kamlot.

Incômodos estéticos

Algumas queixas estéticas costumam estar relacionadas a obesidade. A principal é a papada, nessa região é comum acumular gordura, perdendo a definição do contorno facial. Manchas escuras entre as coxas, virilha, axilas e pescoço podem estar relacionados ao maior atrito da pele nessas regiões, como também pela resistência insulínica que pode estar associada à obesidade. A celulite também é outra queixa frequente, além das estrias que costumam surgir se o ganho de peso ocorrer em um período curto de tempo, explica a dermatologista Dra. Gabriela Bernhard.

Combate à obesidade

É preciso combinar orientações para a redução das deficiências nutricionais como vitaminas, minerais e proteínas, que ocorrem quando o consumo de produtos alimentícios processados são mais frequentes na rotina alimentar do que as frutas, verduras, legumes e proteínas animal como ovos, queijos e carnes frescas. Também é necessário ficar atento as quantidades exageradas de açúcar e carboidratos refinados na dieta, que acabam por aumentar o sobrepeso e o processo inflamatório crônico, levando a obesidade, explica a nutróloga Dra. Márcia Tornavoi.

A prática regular de atividades físicas é um dos pilares mais importantes do emagrecimento por seus efeitos diretos e indiretos. O efeito direto é o próprio gasto calórico da atividade, necessário no processo de emagrecimento. Indiretamente, a atividade física adequada promove melhora no perfil e balanço de neurotransmissores e hormônios, relacionados a melhora metabólica, ao bem-estar e as consequentes escolhas alimentares mais saudáveis, além do aumento da saciedade, detalha o médico do esporte Dr. Lucas Caseri.

A obesidade traz várias comorbidades, além da ligação direta também com vários tipos de cânceres, especialmente câncer de mama e vários cânceres do aparelho digestivo. O tratamento da obesidade vai muito além do que a questão estética e sim ligado diretamente a saúde e a diminuição do risco dessas doenças graves, quando o tratamento convencional não traz o resultado desejado, a cirurgia bariátrica é indicada para redução do peso corporal e controle de patologias associadas, recomenda o cirurgião geral Dr. Fábio Strauss.