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História: Você sabe o que foi o Cangaço?

Cangaço foi o nome dado a um grupo de pessoas que protestava contra a situação de precariedade e injustiça social na qual vivia a população da região Nordeste do Brasil, entre os séculos XIX e XX.

O termo cangaço tem origem na palavra “canga”, madeira utilizada na cabeça do gado e que servia para transporte. Como os componentes desse movimento social viviam em bandos e percorriam diversas cidades levando seus inúmeros pertences, deu-se a eles essa denominação.




Contexto histórico

A partir de 1889, com a Proclamação da República, o Brasil enfrentava um período de dificuldades econômicas, principalmente nas cidades nordestinas. As terras e rendas concentravam-se nas mãos dos fazendeiros, enquanto a maior parte da população vivia às margens.

Esse cenário provocou diversos problemas sociais, entre eles, aumento da pobreza, fome e violência. Com isso, começaram a surgir os primeiros grupos de cangaceiros com o objetivo de lutar contra aquela realidade, proporcionando igualdade para a população do sertão nordestino.




O movimento ganhou força e se consolidou no início do século XX.

História do cangaço

Dados históricos apontam que o primeiro homem a agir como um cangaceiro foi José Gomes, conhecido como Cabeleira, nascido em Glória do Goitá, cidade pernambucana, em 1751.

Entretanto, foi com Lampião, Antonio Silvino e Corisco, no século XIX, que o cangaço ganhou destaque. Os três tornaram-se conhecidos, principalmente, por usarem a violência para saquear, sequestrar e matar fazendeiros como forma de protesto contra ad desigualdades.




Se por um lado aqueles que detinham o poder se sentiam ameaçados, por outro grande parte da população passou a se sentir protegida e a valorizar a ação daqueles que lutavam pela sua causa.

No entanto, havia também os cangaceiros que provocavam terror por onde passavam, invadindo até mesmo aldeias e comunidades humildes para cometer atos violentos. Portanto, pode-se afirmar que o cangaço possuía subdivisões, ou seja, grupos que atuavam de maneiras distintas.




Divisão

O cangaço era subdividido em três grupos: os mercenários, que trabalhavam para os latifundiários; aqueles que eram subordinados a políticos e, como contrapartida pelo trabalho que realizavam, tinham a proteção garantida; e os independentes, que ficaram conhecidos pela figura de Lampião, por agirem de forma impiedosa, considerados inimigos públicos.

Por viverem como nômades, os cangaceiros conheciam muito bem a caatinga, lugares de difícil acesso e rotas diversas, o que facilitava nos momentos de fuga, quando perseguidos pelas autoridades. Isso contribuiu também para o fortalecimento do cangaço.




Características dos cangaceiros

Os representantes do cangaço tinham características específicas, não apenas na forma de agir, como também na sua vestimenta.

Por viverem no sertão nordestino, percorrendo diversos lugares, sobrevivendo em locais áridos, em meio a arbustos e galhos secos, os cangaceiros vestiam-se com roupas confeccionadas em couro, luvas do mesmo material, além de fitas coloridas e peças de metal costuradas por eles.




Além das roupas, os cangaceiros eram reconhecidos por andar com:

  • Cantil com cachaça ou água;
  • Chapéu de couro com abas largas dobradas;
  • Armas e munição;
  • Lenço que protegia nariz e boca da poeira;
  • Armas e munição;
  • Bolsa com fumo, brilhantina e remédios.

Principais nomes do cangaço

Alguns estudiosos creditam a Lucas Evangelista, conhecido como “Lucas da Feira”, a liderança do primeiro grupo com características de cangaço em 1828, por provocar assaltos e mortes durante 20 anos, sendo condenado à forca.

Entretanto, outros afirmam que, de fato, o primeiro bando de cangaceiros se destacou em 1870, na cidade de Patu, entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, sob a liderança de Jesuíno Alves de Melo Calado, o “Jesuíno Brilhante”.




Anos depois, em 1877, no sul do Ceará, outro nome surgiu: João Calangro. Ele comandava um bando de cangaceiros chamados de “calangos” em referência ao seu nome. Depois de muitos crimes – acredita-se que tenha cometido 32 homicídios – Calangro fugiu para o Piauí e seu destino é desconhecido.

Porém, o mais famoso dos cangaceiros foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido também como “Senhor do Sertão” e “Rei do Cangaço”, que atuou durante as décadas de 20 e 30 em todo o Nordeste.




Já o líder do último bando de cangaceiros foi Cristino Gomes da Silva Cleto, o “Corisco”, assassinado em 25 de maio de 1940.

Lampião e Maria Bonita

Lampião (1897-1938) nasceu na cidade de Serra Talhada, em Pernambuco, e foi uma das figuras mais conhecidas do cangaço. Percorreu diversos estados do Nordeste ao lado da sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, a “Maria Bonita” (1911-1938) ou “Rainha do Cangaço”, primeira mulher a fazer parte do cangaço.




Apesar de ter nascido em uma família abastada, Lampião decidiu vingar a morte de seu pai na década de 1920 após este ter sido assassinado por disputas de terra. Assim, passou a integrar um grupo de cangaceiros e pouco depois tornou-se líder, espalhando terror por onde passava.

Seu bando passou a ser procurado na década de 1930, após muitas vitórias e derrotas, por conta da fama de cruéis e perigosos ao realizarem diversos roubos e assassinatos. Da sua união com Maria Bonita, com quem se uniu em 1930, nasceu uma filha denominada Expedita Ferreira. Nesse mesmo período, o então presidente Getúlio Vargas não mediu esforços para caçar Lampião e seu bando.




Em 28 de julho de 1938, na localidade de Angico, entre os limites de Sergipe e Alagoas, o bando de Lampião foi emboscado – acredita-se que um informante deu a localização à polícia. Dos 34 presentes, onze morreram: Lampião, Maria Bonita, Luís Pedro, Mergulhão, Enedina, Elétrico, Quinta-Feira, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Os demais fugiram.

As cabeças dos que morreram foram recolhidas e expostas em praça pública nas cidades do sertão nordestino, como exemplo para aqueles que seguiam o cangaço, e seus corpos deixados para os urubus.




Outros líderes do cangaço

Além de Lampião, Jesuíno Brilhante e Lucas da Feira, alguns outros líderes do cangaço ganharam destaque. Confira abaixo seus nomes e respectivos apelidos:

  • Hermínio Xavier (Chumbinho)
  • Laurindo Virgolino (Mangueira)
  • João Mariano (Andorinha)
  • Anísio Marculino (Gasolina)
  • Ezequiel Ferreira da Silva (Beija-Flor)
  • Joaquim Mariano Antonio de Severia (Nevoeiro)
  • Antonio dos Santos (Cobra Verde)
  • Antônio Inácio (Moreno)
  • Domingos dos Anjos (Serra do Uman)
  • Izaias Vieira (Zabêlê)
  • Januário Garcia Leal (Sete Orelhas)
  • José de Souza (Tenente)
  • Manoel Baptista de Morais (Antônio Silvino)




Ceça Ricarte

Ceça Ricarte - Jornalista de formação, com mais de 15 anos de experiência, nas mais diversas áreas que o Jornalismo se propõe. Natural de Recife, mas que escolheu Caruaru para amar e viver! Entre idas e vindas, está fixa na Capital do Forró há 12 anos.

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