Cultura

Cordel – Caruaru Vazia

Em meio à pandemia do Covid e, em especial, em resposta às confusões causadas pelo decreto do Governador Paulo Câmara, o professor João Antonio, de Caruaru, escreveu um cordel de protesto/desabafo que sintetiza o que estamos passando neste momento.

Caruaru Vazia. Caruaru: Avia!

Dá gastura, dá azia!
Coisa triste de ser ver
é Caruaru vazia
e o comércio sem vender.

Na Feira onde muito se faz,
famílias conquistam seu pão.
Mas nem esperança tem mais,
só silêncio, desolação.



Pois o governo do estado,
em sua luta inconteste,
botando a prefeita de lado,
sufoca o pulmão do agreste.
E talvez até mate mais gente,
do que o Covid, essa peste!

E nossos legisladores,
nenhum deles sequer “pia”,
sumidos vereadores,
e o pretexto é a pandemia.

Se antes já pouco fazia,
Agora é que não faz mais,
A câmara continua vazia,
Ontem e hoje iguais.

A Assembleia esvaziou
seu suntuoso plenário
e pouco se escutou,
talvez só um comentário,
que em nada ajudou,
neste terrível cenário.

Vou nem falar do Federal:
Só batendo em desafeto,
esquece o problema local,
do povo com esse decreto.
E não dá mero sinal,
de que ainda mora perto.
E olha que é ano eleitoral!
Meu povo: fica esperto!

E o dos tempos do jornal,
lembremos com muito amor,
para tudo o que era mau,
vindo do governador,
tinha 10 minutos de pau,
até que desse uma dor.

“Calado e sumido eu fico,
Recebendo meu bom salário,
Não preciso viver do fabrico,
não preciso pagar funcionário.”

Até Raquel esvaziou,
pois autoridade perdeu,
pelas decisões que tomou,
e pelo que retrocedeu,
Agora porque chegou,
no “terreiro” que é “seu”,
um “Paulo-mandado” que
nem Caruaru conheceu!

Pois foi muita petulância,
mandar a ordem assinada,
sem pudor ou relutância
nem prefeita consultada,
fruto de pura arrogância,
e deixar a Feira parada.

Por causa do tal do Corona,
que mata a velha e a nova,
mazelas vieram à tona,
e nós conseguimos a prova
de que a Saúde é uma “zona”,
e que o estado não inova:
Decreta uma ordem mandona,
e na vida do povo a desova.

Também foi bom perceber
todo discurso mentiroso,
e toda frase de efeito
de quem defende criminoso
a hipocrisia aparecer,
o comportamento nervoso,
Porque não estão mais no poder,
Já que é o #elenao horroroso.

E por falar em vida bandida,
Se prepare, sem surpresa,
se você, cidadã aguerrida,
acabar por ser presa,
só por lutar por sua vida,
pra levar comida à mesa.

O Corona é um perigo,
Mata sem dó nem pena.
Mas fala a verdade, amigo,
Sobre esta quarentena:

Governos não sabem fazer,
não ouvem a população,
não vivem o nosso sofrer,
não lutam por nosso pão.



Mas tiram o nosso dinheiro
e gastam como convém,
É imposto o ano inteiro,
de volta, nenhum vintém.

Saúde, Educação, Segurança
deviam ser prioridade,
E eu ainda tenho esperança,
ao menos aqui na cidade,
que do meio desta “dança”,
guerra de autoridade,
cada mãe, pai e criança,
acorde para a verdade.

Quem quer mudar o futuro
deve AGORA começar.
Sim, o caminho é duro
e é possível fracassar,
mas saia de cima do muro,
não tá morto quem lutar.

O governo não te ajuda,
mais do que tira de ti,
por favor, irmão, não se iluda
nem se deixe sucumbir.
O poder deles não muda,
se sempre os botarmos ali.

Que muita saúde dê Deus,
como sempre o tem feito,
a você que tudo leu,
assim como dou meu respeito.

Sim! Dá gastura e dá azia!
Mas a mensagem foi dita.
Caruaru tá vazia,
e a nossa vida restrita.
A fé, porém, neste dia,
se torna quase infinita,
que a alma que triste jazia,
angustiada e aflita,
levante-se com alegria!
E lute como quem grita
“Bora Caruaru: Avia!”
“‘Nói’ morre, ‘mái nói’ ressuscita!”

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Ceça Ricarte

Ceça Ricarte - Jornalista de formação, com mais de 15 anos de experiência, nas mais diversas áreas que o Jornalismo se propõe. Natural de Recife, mas que escolheu Caruaru para amar e viver! Entre idas e vindas, está fixa na Capital do Forró há 12 anos.

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