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Quem foi Mestre Vitalino? História e origem do Mestre do Barro

Vitalino Pereira dos Santos (Mestre Vitalino) nasceu no Sítio Ribeira dos Campos, zona rural de Caruaru, em 10/07/1909. Filho de Marcelino Pereira dos Santos e Josefa Maria da Conceição aprendeu a arte de esculpir em barro ao observar sua mãe produzindo utensílios domésticos como pratos, quartinhas, potes, jarras, panelas, alguidares (bacias de barro), canecos etc., para vender na feira de Caruaru. Já aos seis anos, o garoto Vitalino fazia com habilidade pequenos animais. Adulto, aprendeu a tocar pífano, confeccionava seu próprio instrumento musical e tornou-se integrante de bandas de pífanos, tocando em festinhas da redondeza. Casou-se com Joana Maria da Conceição em 1931 e tiveram 16 filhos, mas somente seis deles se criaram.






Em 1948, Vitalino resolveu deixar o Sítio Campos e ir para o Alto do Moura, com sua família, onde fixou residência. Encontrando um ambiente favorável, com bastante matéria prima, o mestre deu liberdade a sua criatividade e surgiram as suas primeiras peças de grande sucesso: “O Caçador de Gato Maracajá” e “O Boi de Vitalino”, obras que o consagraram.






Em 1959, ele construiu uma pequena casinha no Alto do Moura que lhe serviu de residência até a sua morte. Em 1960, Vitalino foi levado ao Rio de Janeiro pelos irmãos Condé, João, Elysio e José, acompanhados pelos jornalistas Antônio Miranda Luiz Torres, pelo Padre Zacarias Lino Tavares, os violeiros José Vicente e Arrudinha, além da Banda de Pífanos de Mestre Vicente. Os artistas caruaruenses permaneceram quinze dias na Cidade Maravilhosa, onde Vitalino pode demonstrar suas habilidades com o barro e com o pífano, encantando a todos com o seu talento. Suas peças foram apresentadas ao grande público numa exposição promovida pelo colecionador de arte Augusto Rodrigues, tendo sido notícia em todo Brasil.

Mas, apesar da fama, o grande artesão continuou pobre e vivendo na mesma simplicidade, vendendo os seus bonecos na feira de Caruaru e ensinando gratuitamente para outras pessoas a sua arte, totalmente desprovido de egoísmo.




Morreu vítima da varíola em 20/01/1963, em sua humilde casa no Alto do Moura, às nove horas da manhã, sendo sepultado às 16 horas, numa cerimônia simples, à qual se fizeram presentes apenas sua família e alguns amigos. Durante seis anos, lamentavelmente, os seus restos mortais repousaram numa vala comum, até que, em de 17 de maio de 1969, foi inaugurado o mausoléu em sua homenagem.

Após a morte do mestre do barro, apesar das dificuldades, sua esposa e filhos continuaram a sua obra. Em 1977, infelizmente, o mais novo dos seus filhos, Antonio Pereira dos Santos foi covardemente assassinado na porta de casa, fato que causou muito sofrimento para Dona Joaninha, sua mãe. Em 12/12//1998, no ano em que conseguiu se aposentar, a viúva de Vitalino faleceu. Os sus filhos: Amaro, Manoel, Maria, Severino, Maria José e netos dão continuidade à obra do mestre do barro.




Em 1971, a prefeitura construiu uma nova casa para a sua família e transformou a antiga moradia em Casa-Museu, inaugurado em 18/05/1972, na gestão de Anastácio Rodrigues, tendo sido nomeada como monitora do museu, Mariquinha Vitalino, que, logo após, foi substituída por Severino Vitalino. No local os visitantes têm a oportunidade de conhecer onde o artista moldava as suas famosas peças, a simplicidade do ambiente em que ele vivia e seus objetos pessoais. A Casa-Museu está situada na Rua Mestre Vitalino, s/n. Apesar da fama alcançada pelo pai e tudo o que a sua arte fez pela cidade, os filhos de Vitalino vivem humildemente, apenas com o rendimento da venda dos bonecos de barro que eles mesmos produzem. Os primeiros seguidores de Vitalino, além dos seus filhos, foram: Elias Francisco dos Santos, Zé Caboclo, Manuel Eudócio Rodrigues (este, reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco) e Luiz Antonio da Silva. Todos eles se tornaram famosos com estilo e características próprias, transmitindo a sua arte também para os seus familiares.



Ceça Ricarte

Ceça Ricarte - Jornalista de formação, com mais de 15 anos de experiência, nas mais diversas áreas que o Jornalismo se propõe. Natural de Recife, mas que escolheu Caruaru para amar e viver! Entre idas e vindas, está fixa na Capital do Forró há 12 anos.

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