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Caruaru do Passado: Como era o antigo Carnaval de Caruaru?

É muito comum ouvir que hoje não há carnaval em Caruaru. Se compararmos com outras cidades pernambucanas, a afirmação está correta. No entanto, carnavais são encontros vividos em diferentes lugares em diferentes cidades ou regiões. Por isso, em Caruaru e em outras cidades, os carnavais também são habitados e festejados: como todos sabemos, muitos foliões vão para Recife, Olinda, Bezerros, Pesqueira ou região litorânea, etc. Porém, aqueles que ficam, buscam alternativas de lazer e diversão, que incluem ir a locais, fazendas ou chácaras, piscinas, clubes de campo, bares, casa de amigos ou no meio da rua, para festas de carnaval, inclusive comidas e bebidas, música e entretenimento. Portanto, este é um carnaval informal.






Porém, durante quase todo o século 20, Caruaru realizou um carnaval incrível. Por exemplo, nos anos 1900, as pessoas saíam pelas ruas do Centro da cidade, brincando através do entrudo, jogando água e água-de-cheiro uns nos outros, fazendo brincadeiras e cantando uma marchinha que é considerada uma das primeiras músicas sobre a cidade: “Vamos partir/ Sacudindo flores / Adeus terrinha Santa/ Caruaru dos meus amores (bis) / Sai o sol, saem as estrelas / Sai a lua a clarear / Sai a nossa turma boa / Dando viva ao Carnaval”.

Na década de 1920 era comum ver um corso muito movimentado, onde havia vários carros Ford, resultado do movimento econômico caruaruense e associado à indústria e ao comércio, principalmente ao comércio de algodão.

Carnaval Caruaru 1920




O melhor carnaval da cidade acontecia nas décadas de 1950 e 1960: recebia os melhores folguedos do estado, atraía foliões de diversas regiões e fazia par com o carnaval de Vitória de Santo Antão no interior. As autoridades políticas da capital pernambucana têm aberto festejos vezes sem conta, entre eles Cid Sampaio, Miguel Arraes, Otávio Corrêa), Pelópidas Silveira, etc. Na festa do Momo, em Caruaru, há uma comissão organizadora do carnaval, uma semana antes do carnaval, e em dias específicos, há um grupo de turbas, bairros, escolas de samba, clubes carnavalescos, maracatus, caboclinhos, bois de bandeira e outros desfiles . Os corsos ainda estão muito nervosos, dirigindo carros, principalmente jipes, picapes e caminhões, e há gente fantasiada por toda parte. Por muitos anos, foi estabelecido o trio de barcos elétricos patrocinados por empresas de refrigerantes.

Carnaval Caruaru 1950




Das figuras carnavalescas mais conhecidas na cidade destacamos o Mestre Tota, Zé de Ney, Caboré do Boi Bandeirantes, Zé de Donzinha, Maria Boi Brabo, Vovô, Zé Tatu e Cacho-de-Coco, líder do velocíssimo bloco Sou Eu o Teu Amor, que inspirou o frevo de Carlos Fernando e Alceu Valença: “Lá vem, lá vem o bloco / Mas, cadê o bloco, já passou / Um bloco veloz como um raio / Chamado Sou Eu o Teu Amor”.






Figuras folclóricas “apareciam” nos dias de festejo: o Vereador Bode Cheiroso, o Zé Pereira e o Rei Momo, a grande autoridade do Carnaval. A escolha da Rainha do Carnaval era feita a partir de garotas indicadas como representantes dos ranchos, blocos e clubes.

Os principais clubes carnavalescos eram Sapateiros em Folia, Motoristas e Vassourinhas. Havia grande rivalidade entre os ranchos do Bairro Novo e da Rua da Matriz. Outras agremiações e instituições eram Mocidade em Folia, Palmeiras e 13 de Maio, bloco Infantil do Salgado, Índios Guaranis e Tupinambás, Boi Tira Teima, Cambinda Nova e os clubes sociais Caroá, Colombo, Vera Cruz, Onze Unidos, Clube dos 60, Comércio, Central, Intermunicipal, etc. Além dos desfiles e corsos pela Rua da Matriz, havia manhãs de sol e matinées em ambientes fechados.




Porém, na década de 1960, devido à competição entre Recife e Olinda, ao costume dos foliões do litoral pernambucano e aos problemas econômicos, as atividades do Carnaval de Caruaru foram fragilizadas: a associação, em tempos de juros altos, Os problemas da inflação e do crescimento econômico não foram fáceis. Além disso, alguns ex-patrocinadores ou foliões famosos faleceram nas últimas décadas, e não há outros substitutos de igual intensidade nos preparativos para o carnaval.




Nas décadas de 1980 e 1990, as comemorações carnavalescas dessa envergadura diminuíram gradativamente: a prefeitura deixou de investir, os donos da comunidade não conseguiram patrocínios suficientes e os foliões começaram a migrar para outras cidades. Portanto, esta grande tradição carnavalesca caruaruense tornou-se uma saudosa lembrança para a população.

Via

José Daniel da Silva

BiuVicente



Ceça Ricarte

Ceça Ricarte - Jornalista de formação, com mais de 15 anos de experiência, nas mais diversas áreas que o Jornalismo se propõe. Natural de Recife, mas que escolheu Caruaru para amar e viver! Entre idas e vindas, está fixa na Capital do Forró há 12 anos.

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